Série de estudos baseados no livro “Não me deixe contar até três” (Don’t let me count to three”), de Ginger Plowman

Até hoje recordo as palavras da médica que promoveu o parto de nosso filho. Ela nos disse quando foi visitar minha esposa na enfermaria: “Criar filhos é enfrentar desafios novos todos os dias”. E ela tinha toda a razão! Eu só não esperava que o desafio de disciplinar um filho fosse tão difícil.
É importante já diferenciar entre disciplina e instrução. A disciplina é aquele momento que envolve a correção de um ato pecaminoso da criança. A instrução é o momento de ensino e orientação, para que a criança não venha a agir pecaminosamente. Embora a disciplina envolva instrução, e a instrução envolva disciplina, elas são distintas e é sobre a primeira que irei tratar aqui.
Disciplinar os nossos filhos é uma orientação muito clara nas Escrituras. Veja estes dois textos: Provérbios 22:15:  A insensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a livrará dela.”; Provérbios 23:13  “Não evite disciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá.” Portanto, é indiscutível que nós temos que fazer isso.
Neste primeiro artigo, contudo,  gostaria de mencionar quais são algumas razões pelas quais os pais se negam a cumprir esta orientação bíblica. Vamos à primeira:

1)    Eu amo muito meu filho para bater nele”

Por um lado, dá para entender esse tipo de pensamento. Realmente, ver um filho chorando com uma dor provocada por nós é muito doloroso. Lembro quando meu pai dizia “Isso dói mais em mim do que em você”, e agora eu confirmo toda vez que vou disciplinar meu filho.
Mas pense bem: Quem é realmente o beneficiado quando um pai ou uma mãe se nega a disciplinar seu filho? Certamente não é o filho. O texto acima, o de Provérbios 22:15, mostra o quanto a vara beneficia a criança. Eu mesmo tenho testificado o quanto meu filho tem se tornado mais sábio à medida que é disciplinado.
Quem se beneficia com a ausência da disciplina são apenas os pais, pois eles se livram do desconforto de causar sofrimento, ou do desconforto de dedicar tempo para aplicar a vara. Deixar de disciplinar um filho, portanto, não é sinal de amor, mas de egoísmo. Se você pensa que causar sofrimento é demonstração de falta de amor, gostaria de perguntar-lhe: Você já levou seu filho para ser vacinado?

2)    Ele não tem idade ainda para entender”

De todas as justificativas, esta sempre foi a que mais me tentou. Sempre me perguntei se meu filho entendia o porque ele estava sendo disciplinado. No entanto, esse motivo também não faz tanto sentido.
É muito interessante como eu vejo os pais postando vídeos na internet de seus filhos, ou apenas relatando como com um ano de idade eles já sabem imitar o som do cachorro, já sabem dar tchauzinho, já fazem caretinha quando pedimos e etc. Nós acreditamos tanto no potencial de aprendizado de nossos filhos pequenos que muitos chegam a achar que seu filho é o mais esperto de todos. Porém, aprender que bater na mamãe, ou puxar o cabelo do papai leva à disciplina é algo que demoramos a acreditar que nossos filhos são capazes! Isso não parece estranho? O fato é que nossos filhos tanto compreendem muito mais do que imaginamos.

3)    Ele só faz isso quando está fora de casa”

Meu filho Benjamim tem um hábito que só Deus sabe onde ele aprendeu. Quando ele está fora de casa, qualquer coisa que lhe é negada, ele logo se joga no chão. Ele raramente faz isso em casa, e costumeiramente faz fora de casa. O que eu devo fazer? Deixar de disciplina-lo porque ele não está em casa?
Se temos essa desculpa, nossos filhos logo aprenderão que estão livres para nos desobedecer fora de casa. Por isso, os pais precisam ver a melhor maneira de aplicar a disciplina em todos as circunstancias. Se estiver fora de casa, precisa avaliar se dá para aplicar a vara imediatamente, ou se apenas quando chegar em casa. Mas deixar de disciplinar jamais deve ser uma opção nestes casos.

4)    Ele faz isso porque o temperamento dele é difícil”

Essa desculpa não procede, pois todos nós nascemos com “coisas” ruins em nós. A Bíblia diz que todos somos pecadores (Rm 3:23), e por isso precisamos de correção.
Com nossos filhos não é diferente. Se o temperamento deles é difícil, o que é comum que seja, temos um motivo à mais para ensinar-lhes domínio próprio. O que parece mais adequado, usar a disciplina para ensinar o domínio próprio a alguém que tem um temperamento difícil, ou deixar de disciplinar permitindo que a criança expresse toda a sua raiva e rebeldia?
Um alerta para os que abraçam essa desculpa. O temperamento da criança ainda pode ser tratado, o de um adolescente ou adulto é muito mais complicado. O tempo de lidar com temperamentos difíceis é na infância, e não depois que a criança cresce.

5)    Não disciplino meus filhos, e eles nunca me deram trabalho”

Primeiro, eu tenho enormes dificuldades em acreditar em uma declaração como esta. Já conheci duas famílias que diziam isso, e nas duas o que vi foram filhos que, de fato, não envergonhavam os pais em público, ou não os atrapalhavam em casa. Mas notei que os métodos adotados por eles para lidar com a desobediência eram métodos que tratam o comportamento, e não o coração. Por isso, ao invés de criarem filhos obedientes, eles estavam criando filhos hipócritas.
Em uma dessas famílias, pude conversar com um filho que me confidenciou que seus pais o corrigiam com palavras como “Isso é muito feio”, ou “Vá para o seu quarto e fique lá meia hora”. Esta criança, em uma simples conversa, conseguiu me convencer que não amava os seus pais, pois sentia-se reprimida e pressionada.
Eu suspeito muito de pais que me dizer que não precisam disciplinar seus filhos. Toda criança nasce com o pecado, e é sua tendência desobedecer. Por isso, pais que afirmam não precisar disciplinar seus filhos estão indo contra o ensino das Escrituras da pecaminosidade da criança. Portanto, prefiro crer que esta é uma desculpa para a negligência.

Lógico que há outras razões para os pais se negarem a aplicar a disciplina física em seus filhos. Esta são, talvez, as principais. Porém, nenhuma delas é suficiente para comprovar a tese de que não disciplinar é uma opção viável na educação de nossos filhos.


É importante sabermos que sempre aplicamos algum tipo de disciplina em nossos filhos. Quando nós os corrigimos com palavras como “Isso que você fez não está certo, solte esse brinquedo!”, já estamos aplicando um tipo de disciplina. A questão é qual a maneira mais correta de disciplinar. No próximo estudo, veremos as maneiras equivocadas de disciplina, e depois veremos a maneira bíblica.


   

Disciplinando nossos filhos (parte 1)


Série de estudos baseados no livro “Não me deixe contar até três” (Don’t let me count to three”), de Ginger Plowman

Até hoje recordo as palavras da médica que promoveu o parto de nosso filho. Ela nos disse quando foi visitar minha esposa na enfermaria: “Criar filhos é enfrentar desafios novos todos os dias”. E ela tinha toda a razão! Eu só não esperava que o desafio de disciplinar um filho fosse tão difícil.
É importante já diferenciar entre disciplina e instrução. A disciplina é aquele momento que envolve a correção de um ato pecaminoso da criança. A instrução é o momento de ensino e orientação, para que a criança não venha a agir pecaminosamente. Embora a disciplina envolva instrução, e a instrução envolva disciplina, elas são distintas e é sobre a primeira que irei tratar aqui.
Disciplinar os nossos filhos é uma orientação muito clara nas Escrituras. Veja estes dois textos: Provérbios 22:15:  A insensatez está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a livrará dela.”; Provérbios 23:13  “Não evite disciplinar a criança; se você a castigar com a vara, ela não morrerá.” Portanto, é indiscutível que nós temos que fazer isso.
Neste primeiro artigo, contudo,  gostaria de mencionar quais são algumas razões pelas quais os pais se negam a cumprir esta orientação bíblica. Vamos à primeira:

1)    Eu amo muito meu filho para bater nele”

Por um lado, dá para entender esse tipo de pensamento. Realmente, ver um filho chorando com uma dor provocada por nós é muito doloroso. Lembro quando meu pai dizia “Isso dói mais em mim do que em você”, e agora eu confirmo toda vez que vou disciplinar meu filho.
Mas pense bem: Quem é realmente o beneficiado quando um pai ou uma mãe se nega a disciplinar seu filho? Certamente não é o filho. O texto acima, o de Provérbios 22:15, mostra o quanto a vara beneficia a criança. Eu mesmo tenho testificado o quanto meu filho tem se tornado mais sábio à medida que é disciplinado.
Quem se beneficia com a ausência da disciplina são apenas os pais, pois eles se livram do desconforto de causar sofrimento, ou do desconforto de dedicar tempo para aplicar a vara. Deixar de disciplinar um filho, portanto, não é sinal de amor, mas de egoísmo. Se você pensa que causar sofrimento é demonstração de falta de amor, gostaria de perguntar-lhe: Você já levou seu filho para ser vacinado?

2)    Ele não tem idade ainda para entender”

De todas as justificativas, esta sempre foi a que mais me tentou. Sempre me perguntei se meu filho entendia o porque ele estava sendo disciplinado. No entanto, esse motivo também não faz tanto sentido.
É muito interessante como eu vejo os pais postando vídeos na internet de seus filhos, ou apenas relatando como com um ano de idade eles já sabem imitar o som do cachorro, já sabem dar tchauzinho, já fazem caretinha quando pedimos e etc. Nós acreditamos tanto no potencial de aprendizado de nossos filhos pequenos que muitos chegam a achar que seu filho é o mais esperto de todos. Porém, aprender que bater na mamãe, ou puxar o cabelo do papai leva à disciplina é algo que demoramos a acreditar que nossos filhos são capazes! Isso não parece estranho? O fato é que nossos filhos tanto compreendem muito mais do que imaginamos.

3)    Ele só faz isso quando está fora de casa”

Meu filho Benjamim tem um hábito que só Deus sabe onde ele aprendeu. Quando ele está fora de casa, qualquer coisa que lhe é negada, ele logo se joga no chão. Ele raramente faz isso em casa, e costumeiramente faz fora de casa. O que eu devo fazer? Deixar de disciplina-lo porque ele não está em casa?
Se temos essa desculpa, nossos filhos logo aprenderão que estão livres para nos desobedecer fora de casa. Por isso, os pais precisam ver a melhor maneira de aplicar a disciplina em todos as circunstancias. Se estiver fora de casa, precisa avaliar se dá para aplicar a vara imediatamente, ou se apenas quando chegar em casa. Mas deixar de disciplinar jamais deve ser uma opção nestes casos.

4)    Ele faz isso porque o temperamento dele é difícil”

Essa desculpa não procede, pois todos nós nascemos com “coisas” ruins em nós. A Bíblia diz que todos somos pecadores (Rm 3:23), e por isso precisamos de correção.
Com nossos filhos não é diferente. Se o temperamento deles é difícil, o que é comum que seja, temos um motivo à mais para ensinar-lhes domínio próprio. O que parece mais adequado, usar a disciplina para ensinar o domínio próprio a alguém que tem um temperamento difícil, ou deixar de disciplinar permitindo que a criança expresse toda a sua raiva e rebeldia?
Um alerta para os que abraçam essa desculpa. O temperamento da criança ainda pode ser tratado, o de um adolescente ou adulto é muito mais complicado. O tempo de lidar com temperamentos difíceis é na infância, e não depois que a criança cresce.

5)    Não disciplino meus filhos, e eles nunca me deram trabalho”

Primeiro, eu tenho enormes dificuldades em acreditar em uma declaração como esta. Já conheci duas famílias que diziam isso, e nas duas o que vi foram filhos que, de fato, não envergonhavam os pais em público, ou não os atrapalhavam em casa. Mas notei que os métodos adotados por eles para lidar com a desobediência eram métodos que tratam o comportamento, e não o coração. Por isso, ao invés de criarem filhos obedientes, eles estavam criando filhos hipócritas.
Em uma dessas famílias, pude conversar com um filho que me confidenciou que seus pais o corrigiam com palavras como “Isso é muito feio”, ou “Vá para o seu quarto e fique lá meia hora”. Esta criança, em uma simples conversa, conseguiu me convencer que não amava os seus pais, pois sentia-se reprimida e pressionada.
Eu suspeito muito de pais que me dizer que não precisam disciplinar seus filhos. Toda criança nasce com o pecado, e é sua tendência desobedecer. Por isso, pais que afirmam não precisar disciplinar seus filhos estão indo contra o ensino das Escrituras da pecaminosidade da criança. Portanto, prefiro crer que esta é uma desculpa para a negligência.

Lógico que há outras razões para os pais se negarem a aplicar a disciplina física em seus filhos. Esta são, talvez, as principais. Porém, nenhuma delas é suficiente para comprovar a tese de que não disciplinar é uma opção viável na educação de nossos filhos.


É importante sabermos que sempre aplicamos algum tipo de disciplina em nossos filhos. Quando nós os corrigimos com palavras como “Isso que você fez não está certo, solte esse brinquedo!”, já estamos aplicando um tipo de disciplina. A questão é qual a maneira mais correta de disciplinar. No próximo estudo, veremos as maneiras equivocadas de disciplina, e depois veremos a maneira bíblica.