Tiago 1:1 Tiago, servo de Deus e do Senhor
Jesus Cristo, às doze tribos que se encontram na Dispersão, saudações.
A
carta de Tiago serve para nós como um manual para a maturidade cristã.
Interessantemente, já na saudação o escritor nos traz uma lição importantíssima
para sermos cristãos maduros: O cristão
maduro compreende sua posição de servo.
Tiago, o
escritor desta carta, tinha tudo para se exaltar. Ele era irmão do Senhor Jesus
(Mt. 4:21), por isso possuía um conhecimento pessoal do Salvador. Além disso,
era um líder de extrema autoridade na igreja de Jerusalém (At 15:13-29). Por
estes fatores apenas, o irmão do Senhor poderia manifestar uma visão elevada de
si mesmo. Mas note como ele se considera: um servo. Literalmente, Tiago entendia
ser um escravo de Deus e do Senhor Jesus Cristo.
Você
já notou como crianças têm dificuldade em compreender sua própria posição? Elas
possuem uma forte tendência a enxergarem a si mesmas como senhores de seus pais
(e muitos pais alimentam isto, infelizmente). Isto ocorre porque a criança não
possui a maturidade suficiente para saber que o mundo não gira ao seu redor, e
que seus pais são (ou deveriam ser, pelo menos) seus senhores. Se não aprender
estas lições, ela poderá crescer com esta forma imatura de enxergar a si mesma, o que lhe trará enormes problemas.
Da
mesma maneira, o cristão imaturo pode ter uma visão distorcida de si mesmo. Ele, por fatores que vão desde uma criação não bíblica de seus pais, ou uma posição social e financeira abastada, até crenças teológicas equivocadas, pode pensar de si mesmo como alguém a ser servido e os outros como seus servos.
Ele
pode achar, por exemplo, que Deus é seu servo e, por isso, se decepciona com Ele quando algo
deixa de correr bem. Ou então, pensar que a Igreja, corpo de Cristo, existe para
servi-lo e satisfazer suas vontades. Desta maneira, comporta-se na igreja como
um senhor a ser servido, jamais como um servo de boa vontade. Cristãos que agem
assim estão dando sinais claros de que ainda não saíram das fraldas neste
quesito espiritual.
Tiago
nos ensina, em contrapartida, que nossa real posição é a de servos. Somos
escravos de Deus e do Senhor Jesus. Isto significa que ser cristão implica em
abrir mão do senhorio de nossas vidas e assumirmos a posição de servos.
Por isso, o cristão
maduro não diz para Deus o que Ele tem que fazer, mas submete-se à Sua vontade,
que é boa, agradável e perfeita (Rm 12:2). Também, não vive exigindo que as
circunstâncias e as pessoas sejam sempre do jeito que ele quer, se enfurecendo
quando não são, mas entende, em oração, o controle de Deus sobre todas as coisas. E ainda,
o cristão maduro não pensa que a igreja é um ambiente para satisfazer suas
vontades, mas, sendo um corpo pertencente a Cristo, ela é um espaço para o
serviço ao Senhor Jesus e aos irmãos.
A percepção de
si mesmo como um servo é um elemento essencial da maturidade. Se entendemos que
Deus é Senhor e nós os seus servos, teremos uma perspectiva adequada das
provações, das tentações, da religião, das boas obras, do uso da língua, temas
que serão discutidos por Tiago no restante de sua carta. Portanto, não é demais
dizer que a maturidade cristã depende inteiramente de uma visão correta de si mesmo como um servo de Deus e do Senhor Jesus.