Quando pensei em
escrever a série “O que a Bíblia diz sobre...”, minha intensão inicial era
lidar com aqueles assuntos que não são tratados diretamente na Bíblia, mas que
podemos encontrar nela princípios norteadores. Por exemplo, o que a Bíblia diz
sobre carnaval, tomar cerveja, assistir MMA, votar em um político, e etc.
Todavia, foi-me
sugerido falar sobre casamento e, interessantemente, eu topei na hora, muito
embora a Bíblia fale diretamente sobre este assunto. O motivo da minha
aceitação a esse assunto é que, infelizmente, o conceito bíblico de casamento
tem sido amplamente esquecido, inclusive no meio do povo de Deus. Não é mais a
Bíblia quem tem tido a autoridade de dizer o que é casamento, mas o Estado, ou
pior ainda, a TV.
Por isso, nos dias
atuais, a pergunta “O que a Bíblia diz sobre o casamento” é praticamente
antiquada, cafona. Assim, para algum possível leitor deste texto que não seja
um seguidor de Cristo e possa pensar desta maneira, quero dizer que não abro
mão de seguir a Bíblia neste assunto e, portanto, peço seu respeito e ponderação
sobre o ensino bíblico. Não obstante, para você outro que segue a Cristo, peço
sua atenção para que avalie de onde tem vindo a sua compreensão acerca do
casamento.
A Bíblia fala muito
sobre o casamento. Livros e mais livros têm sido escritos analisando todo tipo
de texto relacionado a este assunto, e todas as formas de aplicações práticas
de tais passagens bíblicas. Aqui, quero me deter no coração da questão, que é o
conceito bíblico do matrimônio. Assim, a pergunta mais precisa seria “O que a
Bíblia diz sobre O QUE É casamento”. Para isso, não há melhor texto do que
Gênesis 2:24, que diz:
“Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à
sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.”
Este texto faz parte
do contexto maior da narrativa da criação de Deus. Os capítulos 1 e 2 descrevem
todo o processo da obra da criação. À partir do capítulo 3, o assunto muda. E
aqui está o primeiro e mais importante ensino bíblico sobre o casamento: ele é uma invenção de Deus. Não foi o
homem quem inventou o casamento, foi Deus. Deus quem idealizou e concedeu aos
homens e mulheres o privilégio desta instituição. Por isso, quem melhor poderia
nos dizer o que é o casamento, senão o seu inventor?
Este pequeno trecho
bíblico é exatamente isto, Deus nos dizendo o seu conceito de casamento. Note
que o escritor de Gênesis para de contar uma história usando verbos no passado,
e profere um ensino no tempo presente. Ele não diz “por isso deixou...”, mas “Por
isso, deixa... se une”. Ele usa verbos no presente porque não quer mais contar
uma história, mas transmitir um conceito. Que conceito? O conceito do
casamento. Vamos analisa-lo, então.
Veja, em
primeiríssimo lugar, que o casamento é uma união de um homem e uma mulher. Esta
é a essência do matrimônio, a união de duas pessoas. Por isso, o casamento
envolve também uma separação, a dos pais. O homem, e consequentemente a mulher,
precisa se separar fisicamente e psicologicamente de seus pais, e unir-se
também fisicamente e psicologicamente à sua esposa. Ou seja, eles, o homem e a
mulher, deixarão de serem filhos em primeiro lugar, para serem marido e mulher.
O casamento é, assim,
a criação de uma nova família. É a constituição de um novo lar, uma nova casa.
Não é apenas quando o casal tem filhos que se inicia uma família. O casal já é
uma família. É isso que se quer dizer com “deixar pai e mãe e unir-se”. Por
isso, embora seja fundamental e indispensável o reconhecimento social do
matrimônio, é no momento em que o casal une-se em uma nova casa, formando uma
nova família, que o casamento acontece.
Em segundo lugar, o
texto nos ensina que o casamento também é um “tornar-se uma só carne”. Embora a
expressão “uma só carne” seja usada em outro lugar na Bíblia como uma
referência à relação sexual (1 Co 6:16), aqui ela tem um sentido bem mais
abrangente, que inclui a relação íntima. O sentido aqui é de uma união total e
indissolúvel. Como sabemos disso? Pela interpretação de Jesus desse texto. Veja
o que ele diz em Mateus 19:4-6:
“Então, respondeu ele: Não tendes lido que o
Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa
deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só
carne? De modo que já não são mais dois,
porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.”
Note que a
compreensão de Cristo desta expressão “tornar-se uma só carne” é de uma união
feita diante de Deus e que é tão forte e sagrada que o homem não deve
intencionar em desfazê-la. Portanto, tornar-se uma só carne com alguém é
promover uma integração total com o cônjuge, de forma que os dois terão tudo em
comum, como mesma casa, mesma renda, mesmos filhos, mesmos planos, mesmos
prazeres sexuais.
Em resumo, o
casamento pode ser definido como a união,
diante de Deus, de um homem e uma mulher, para constituir uma nova família, por
meio de uma integração total de suas vidas. É isso o que a Bíblia diz sobre
o que é o casamento. Com base nisso, precisamos tirar algumas implicações.
1)
Deus proíbe a poligamia. Deus criou uma esposa para Adão, e
disse que o homem deveria unir-se à sua mulher. Por isso, o casamento deve ser
entre apenas um homem e uma mulher.
2)
Deus proíbe a homossexualidade. O relacionamento
conjugal, incluindo o sexual, deve ser entre pessoas de sexos distintos. A
homossexualidade é uma deturpação do plano original de Deus.
3)
O casamento é o ambiente estipulado por Deus para a união
do homem com uma mulher. Uniões comuns hoje, como “morar juntos”, ou manter
relações sexuais fora do casamento, também são deturpações do plano inicial de
Deus. Apenas o casamento é o ambiente permitido por Deus para que um casal se una,
e, além disso, é o único ambiente seguro para isso.
4)
Deus não deseja que o casamento termine. Muito embora o
divórcio tenha sido permitido na Bíblia em pouquíssimas exceções, a união
matrimonial precisa ser encarada como indissolúvel. Casais em crise devem
sempre procurar resolver seus problemas e jamais considerar a separação como
opção.
5)
A interferência de terceiros no casamento sempre é
prejudicial e proibida por Deus. Se o casamento é a união de um homem e uma
mulher, a matemática dita que seja a união de duas pessoas. Por isso, formas de
inclusão de uma terceira pessoa na relação são proibidas por Deus. Uma destas
formas é o adultério, onde uma terceira pessoa interfere na união íntima do
casal. Outra forma é a interferência de familiares, ou de amigos do casal, ou
até mesmo de irmãos da igreja, tornando-se parte integrante da relação
conjugal, exercendo papeis que deveriam ser exercidos pelo marido ou pela esposa.
É exatamente por isso que se recomendam coisas como não permitir, salvo
raríssimas exceções, que familiares morem com o casal; ter amigos em comum;
desenvolver lazeres e programas que envolvam o cônjuge. Tudo o que prejudica a
união inviolável do casamento deve ser evitado. E tudo o que promova, deve ser
aproveitado.
6)
Não são os filhos a essência da família, mas o casal. É comum vermos pais
e mães que consideram os filhos as pessoas mais importantes de suas vidas. Não
deve ser assim. Filhos vem, e devem ir. Filhos devem deixar seus pais para
formar novas famílias, mas o marido e a esposa nunca devem deixar um ao outro.
Por isso, o núcleo do casamento é o casal. E deixe-me dizer uma coisa: seus filhos
vão gostar muito de ver que você ama mais ao seu papai ou a mamãe dele do que a
ele mesmo. Não há nada melhor para um filho do que pais que se amam.
Este é o conceito
bíblico do casamento. Meio antiquado para os nossos dias. Mas certamente é o
único modelo que realmente funciona e, mais importante ainda, é o único modelo
que glorifica a Deus.
Próxima semana,
atendendo a um pedido, responderei à seguinte questão: O que a Bíblia diz
sobre... ter amigos descrentes? E você, quer saber o que a Bíblia diz sobre algum assunto específico? Escreva no comentário, completando a frase "O que a Bíblia diz sobre...". Deus os abençoe
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