A Pandemia de Jó

         A Bíblia pode não ter a resposta exata ou textos claros sobre todos os assuntos da vida. Não vamos encontrar um único versículo onde a palavra “coronavírus” esteja inserida. Porém, na Bíblia, encontramos princípios e orientações que nos fazem capazes de enxergar o mundo ao nosso redor e todas as circunstâncias da vida de uma maneira correta. Em tempos de relativismo, sou daqueles que ainda acredita em uma verdade absoluta, através da qual devemos conduzir nossas vidas.

         Ao nos depararmos tão repentinamente com um inimigo invisível que estamos enfrentando, saímos em busca de respostas, de orientação, de consolo, até mesmo, de esperança. O cristão, o verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, busca estas orientações nas linhas das Escrituras. E quando falamos de sofrimento, de doenças e de provações, logo lembramos de um personagem bastante conhecido entre os evangélicos: Jó.

         O sofrimento de Jó, sua luta, seus questionamentos, seus amigos, o diálogo de satanás com Deus, tudo isso nos traz informações importantes, relevantes, para o momento que estamos vivendo. Gostaria de destacar três coisas que podemos aprender, por meio do livro de Jó, sobre a pandemia que nós estamos enfrentando hoje.

         1) A calamidade vem do Senhor

         Sei o quanto isso pode chocar os ouvidos do crente “moderno”. O mundo evangélico está mergulhando em concepções erradas sobre Deus e Sua Soberania. Essa teologia equivocada dos nossos dias afirma que todo mal no mundo é culpa de satanás e dos seus demônios, que todo sofrimento na vida do crente é consequência direta de ações demoníacas que precisam ser quebradas. E, muitas vezes, esse tipo de teologia é formulada usando o livro de Jó, especificamente, na ação de satanás lhe causando muitos males.

         Entretanto, uma leitura mais cuidadosa do texto mostra que a causa primária de todo o sofrimento deste personagem bíblico é o próprio Senhor. Veja o que Deus diz a satanás em Jó 1.12: “Então o Senhor disse a Satanás: — Você pode fazer o que quiser com tudo o que ele tem; só não estenda a mão contra ele...” Satanás afligiu Jó com base na autorização de Deus, houve inclusive um limite imposto pelo Senhor que nos mostra que a ação de satanás no mundo não é livre, mas está de baixo do controle de Deus.

         Para que não haja dúvidas sobre isso, temos ainda o texto de Jó 42.11: “Então vieram a ele todos os seus irmãos, todas as suas irmãs e todos os que o haviam conhecido antes, e comeram com ele em sua casa. E se condoeram dele, e o consolaram por todo o mal que o Senhor tinha enviado sobre ele. E cada um lhe deu dinheiro e um anel de ouro.”

         Isso ainda não é suficiente para você concordar que toda calamidade vem do Senhor? Lamentações 3.38: “Por acaso, não é da boca do Altíssimo que procedem tanto o mal como o bem?” Outros textos mais poderiam ser citados aqui, de quem procedeu o dilúvio no tempo de Noé? De quem procedeu o exílio assírio e babilônico?
         Não existe dificuldade em entender o que o texto claramente afirma, o grande problema para nós é engolir o texto. Nesse momento entra o segundo aprendizado que podemos retirar das páginas de Jó.

         2) A calamidade nos faz questionar

         O corpo do livro de Jó se desenvolve em cima dos diálogos entre Jó e seus amigos. Diante de todo sofrimento deste homem, eles buscavam respostas, qual a causa do sofrimento do justo?

         De maneira semelhante, em tempos de pandemia, podemos nos questionar: Como Deus pode ser o autor de algo assim? Como conceber e aceitar o que a Palavra de Deus claramente afirma? Como um Deus bom pode decretar algo que levará muitas pessoas ao óbito?

         Jó 4.7 “Pense bem: será que algum inocente já chegou a perecer? E onde os retos foram destruídos?”

         Jó 7.1 “Não é verdade que a vida do ser humano neste mundo é uma luta sem fim? Não são os seus dias como os de um trabalhador diarista?”

         Jó 7.20 “Se pequei, que mal fiz a ti, ó Espreitador da humanidade? Por que fizeste de mim o teu alvo, tornando-me um peso para mim mesmo?”

         Jó 8.3 “Será que Deus perverteria o direito? Será que o Todo-Poderoso perverteria a justiça?”

         Jó 9.29 “Eu serei condenado; por que, pois, trabalho em vão?”

         Jó 10.3 “Será que tens prazer em me oprimir, em rejeitar a obra das tuas mãos e em favorecer o conselho dos ímpios?”

         Jó 17.15 “onde está, então, a minha esperança? Sim, a minha esperança, quem a poderá ver?”

         Os momentos de sofrimento nos levam, muitas vezes, a questionamentos. É possível que diante das dificuldades, do medo, das incertezas destes nossos dias, nos identificarmos com muitas destas perguntas feitas por Jó e seus amigos. O curioso é que em nenhum momento, nenhum deles (no livro de Jó) questiona aquilo que é o mais enfatizado em nossa geração, a origem da calamidade. Em momento algum eles possuem dúvidas que a calamidade vem do Senhor.

         Porém, depois que engolimos esta verdade bíblia que é tão difícil para nós lidarmos. Depois que esta verdade passa rasgando pela nossa garganta, ela então começa a agir e seus efeitos são maravilhosos. Que conforto existe nesta doutrina bíblica. Como é bom sabermos que esta pandemia que estamos enfrentando está nas mãos de Deus e não de satanás. Como é bom sabermos que um Deus Santo, Bondoso, Misericordioso, Gracioso, está no controle de tudo.

         Na Soberania de Deus encontramos paz! A calamidade pode nos levar a questionar. Porém, devemos buscar as respostas aos nossos questionamentos unicamente na Palavra de Deus, então, encontramos a terceira lição presente no livro de Jó.

         3) Na calamidade Deus fala

         Antes de mais nada, quero deixar bem claro que não creio em novas revelações. Após o encerramento dos livros canônicos, Deus fala conosco exclusivamente por meio do texto inspirado, os 66 livros da Bíblia. Esta é a forma de Deus falar conosco hoje.

         Deus falou (literalmente) com Jó por meio de um redemoinho no capítulo 38. Depois de tantos questionamentos, Deus vem pessoalmente responder a Jó. Em meio ao sofrimento, Jó encontrou as respostas para as suas perguntas.

         Jó 38.1-2 “Então, do meio de um redemoinho, o Senhor respondeu a Jó e disse: Quem é este que obscurece os meus planos com palavras sem conhecimento?

         De que maneira isso pode se aplicar a nós hoje? Como Deus falaria com cada um de nós, durante este período de pandemia e calamidade? Exatamente da forma como estou propondo aqui. Devemos dirigir as nossas dúvidas, os nossos questionamentos à Deus em oração e buscarmos as respostas na Sua Revelação Especial, na Palavra de Deus, na Bíblia.

         Não podemos desperdiçar este tempo de sofrimento. Não podemos desperdiçar este tempo de isolamento. Não podemos desperdiçar esta pandemia. Podemos, em tempos como esse, questionar a Deus, questionar até mesmo a nossa fé. O medo pode tomar conta da nossa alma, e, por causa disso, passarmos a questionar determinadas coisas que antes eram verdades inquestionáveis para nós.

         O que devemos fazer é nos lançar aos pés do Salvador por meio das Escrituras, para que através da própria Palavra o Espírito Santo possa agir em nossa vida, nos moldando e nos trazendo de volta toda confiança que normalmente desfrutamos em tempos de paz. Se hoje o seu coração está tomado de pavor, se hoje você está com sua alma angustiada, se as incertezas sobre o futuro consomem o seu ser. Medite no livro de Jó, medite nas promessas preciosas do Senhor. Lembre-se de Mateus 6.25-34 ou de Romanos 12.1-2.

         Tendo a certeza de que se você for até a Deus por meio da Sua Palavra, ao final deste tempo, independente do que aconteça, você dirá na semelhança de Jó 42.5: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.”


         Deus vos abençoe.


         Pr. Fernando Di Domenico
 




A Pandemia de Jó




A Pandemia de Jó

         A Bíblia pode não ter a resposta exata ou textos claros sobre todos os assuntos da vida. Não vamos encontrar um único versículo onde a palavra “coronavírus” esteja inserida. Porém, na Bíblia, encontramos princípios e orientações que nos fazem capazes de enxergar o mundo ao nosso redor e todas as circunstâncias da vida de uma maneira correta. Em tempos de relativismo, sou daqueles que ainda acredita em uma verdade absoluta, através da qual devemos conduzir nossas vidas.

         Ao nos depararmos tão repentinamente com um inimigo invisível que estamos enfrentando, saímos em busca de respostas, de orientação, de consolo, até mesmo, de esperança. O cristão, o verdadeiro discípulo de Jesus Cristo, busca estas orientações nas linhas das Escrituras. E quando falamos de sofrimento, de doenças e de provações, logo lembramos de um personagem bastante conhecido entre os evangélicos: Jó.

         O sofrimento de Jó, sua luta, seus questionamentos, seus amigos, o diálogo de satanás com Deus, tudo isso nos traz informações importantes, relevantes, para o momento que estamos vivendo. Gostaria de destacar três coisas que podemos aprender, por meio do livro de Jó, sobre a pandemia que nós estamos enfrentando hoje.

         1) A calamidade vem do Senhor

         Sei o quanto isso pode chocar os ouvidos do crente “moderno”. O mundo evangélico está mergulhando em concepções erradas sobre Deus e Sua Soberania. Essa teologia equivocada dos nossos dias afirma que todo mal no mundo é culpa de satanás e dos seus demônios, que todo sofrimento na vida do crente é consequência direta de ações demoníacas que precisam ser quebradas. E, muitas vezes, esse tipo de teologia é formulada usando o livro de Jó, especificamente, na ação de satanás lhe causando muitos males.

         Entretanto, uma leitura mais cuidadosa do texto mostra que a causa primária de todo o sofrimento deste personagem bíblico é o próprio Senhor. Veja o que Deus diz a satanás em Jó 1.12: “Então o Senhor disse a Satanás: — Você pode fazer o que quiser com tudo o que ele tem; só não estenda a mão contra ele...” Satanás afligiu Jó com base na autorização de Deus, houve inclusive um limite imposto pelo Senhor que nos mostra que a ação de satanás no mundo não é livre, mas está de baixo do controle de Deus.

         Para que não haja dúvidas sobre isso, temos ainda o texto de Jó 42.11: “Então vieram a ele todos os seus irmãos, todas as suas irmãs e todos os que o haviam conhecido antes, e comeram com ele em sua casa. E se condoeram dele, e o consolaram por todo o mal que o Senhor tinha enviado sobre ele. E cada um lhe deu dinheiro e um anel de ouro.”

         Isso ainda não é suficiente para você concordar que toda calamidade vem do Senhor? Lamentações 3.38: “Por acaso, não é da boca do Altíssimo que procedem tanto o mal como o bem?” Outros textos mais poderiam ser citados aqui, de quem procedeu o dilúvio no tempo de Noé? De quem procedeu o exílio assírio e babilônico?
         Não existe dificuldade em entender o que o texto claramente afirma, o grande problema para nós é engolir o texto. Nesse momento entra o segundo aprendizado que podemos retirar das páginas de Jó.

         2) A calamidade nos faz questionar

         O corpo do livro de Jó se desenvolve em cima dos diálogos entre Jó e seus amigos. Diante de todo sofrimento deste homem, eles buscavam respostas, qual a causa do sofrimento do justo?

         De maneira semelhante, em tempos de pandemia, podemos nos questionar: Como Deus pode ser o autor de algo assim? Como conceber e aceitar o que a Palavra de Deus claramente afirma? Como um Deus bom pode decretar algo que levará muitas pessoas ao óbito?

         Jó 4.7 “Pense bem: será que algum inocente já chegou a perecer? E onde os retos foram destruídos?”

         Jó 7.1 “Não é verdade que a vida do ser humano neste mundo é uma luta sem fim? Não são os seus dias como os de um trabalhador diarista?”

         Jó 7.20 “Se pequei, que mal fiz a ti, ó Espreitador da humanidade? Por que fizeste de mim o teu alvo, tornando-me um peso para mim mesmo?”

         Jó 8.3 “Será que Deus perverteria o direito? Será que o Todo-Poderoso perverteria a justiça?”

         Jó 9.29 “Eu serei condenado; por que, pois, trabalho em vão?”

         Jó 10.3 “Será que tens prazer em me oprimir, em rejeitar a obra das tuas mãos e em favorecer o conselho dos ímpios?”

         Jó 17.15 “onde está, então, a minha esperança? Sim, a minha esperança, quem a poderá ver?”

         Os momentos de sofrimento nos levam, muitas vezes, a questionamentos. É possível que diante das dificuldades, do medo, das incertezas destes nossos dias, nos identificarmos com muitas destas perguntas feitas por Jó e seus amigos. O curioso é que em nenhum momento, nenhum deles (no livro de Jó) questiona aquilo que é o mais enfatizado em nossa geração, a origem da calamidade. Em momento algum eles possuem dúvidas que a calamidade vem do Senhor.

         Porém, depois que engolimos esta verdade bíblia que é tão difícil para nós lidarmos. Depois que esta verdade passa rasgando pela nossa garganta, ela então começa a agir e seus efeitos são maravilhosos. Que conforto existe nesta doutrina bíblica. Como é bom sabermos que esta pandemia que estamos enfrentando está nas mãos de Deus e não de satanás. Como é bom sabermos que um Deus Santo, Bondoso, Misericordioso, Gracioso, está no controle de tudo.

         Na Soberania de Deus encontramos paz! A calamidade pode nos levar a questionar. Porém, devemos buscar as respostas aos nossos questionamentos unicamente na Palavra de Deus, então, encontramos a terceira lição presente no livro de Jó.

         3) Na calamidade Deus fala

         Antes de mais nada, quero deixar bem claro que não creio em novas revelações. Após o encerramento dos livros canônicos, Deus fala conosco exclusivamente por meio do texto inspirado, os 66 livros da Bíblia. Esta é a forma de Deus falar conosco hoje.

         Deus falou (literalmente) com Jó por meio de um redemoinho no capítulo 38. Depois de tantos questionamentos, Deus vem pessoalmente responder a Jó. Em meio ao sofrimento, Jó encontrou as respostas para as suas perguntas.

         Jó 38.1-2 “Então, do meio de um redemoinho, o Senhor respondeu a Jó e disse: Quem é este que obscurece os meus planos com palavras sem conhecimento?

         De que maneira isso pode se aplicar a nós hoje? Como Deus falaria com cada um de nós, durante este período de pandemia e calamidade? Exatamente da forma como estou propondo aqui. Devemos dirigir as nossas dúvidas, os nossos questionamentos à Deus em oração e buscarmos as respostas na Sua Revelação Especial, na Palavra de Deus, na Bíblia.

         Não podemos desperdiçar este tempo de sofrimento. Não podemos desperdiçar este tempo de isolamento. Não podemos desperdiçar esta pandemia. Podemos, em tempos como esse, questionar a Deus, questionar até mesmo a nossa fé. O medo pode tomar conta da nossa alma, e, por causa disso, passarmos a questionar determinadas coisas que antes eram verdades inquestionáveis para nós.

         O que devemos fazer é nos lançar aos pés do Salvador por meio das Escrituras, para que através da própria Palavra o Espírito Santo possa agir em nossa vida, nos moldando e nos trazendo de volta toda confiança que normalmente desfrutamos em tempos de paz. Se hoje o seu coração está tomado de pavor, se hoje você está com sua alma angustiada, se as incertezas sobre o futuro consomem o seu ser. Medite no livro de Jó, medite nas promessas preciosas do Senhor. Lembre-se de Mateus 6.25-34 ou de Romanos 12.1-2.

         Tendo a certeza de que se você for até a Deus por meio da Sua Palavra, ao final deste tempo, independente do que aconteça, você dirá na semelhança de Jó 42.5: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.”


         Deus vos abençoe.


         Pr. Fernando Di Domenico
 





O que Deus quer nos ensinar?

É quase inacreditável que, poucos dias atrás, a nossa vida era completamente diferente da nossa vida neste exato momento (20 de março de 2020). Estamos completamente privados de qualquer contato social para evitarmos a transmissão deste novo vírus. Em se tratando do povo de Deus, isso significa, deixar de congregar. Jamais imaginei que em algum momento do meu ministério pastoral eu tivesse que tomar uma decisão como essa, fechar a igreja para os cultos públicos e para escola bíblica.

Deixar de congregar para mim era incogitável, Hebreus 10.25 providenciava a base bíblica para isso. Quando pensava em deixar de congregar, isso me soava como “falta de fé” na soberania de Deus. Porém, logo percebi que o inimigo que eu tinha em mente era outro, não estamos enfrentando uma perseguição à igreja cristã no Brasil, o inimigo neste momento é invisível. E por mais chocante que isso possa ser para muitos, o coronavírus (em última análise) procede de Deus. Deus é Soberano sobre tudo e sobre todos.

Salmo 46.8 “Venham contemplar as obras do SENHOR, que tem feito desolações na terra.

Diante disto, logo me vem aos ouvidos as palavras de Jó 2.10 que diante de tão grande sofrimento pessoal disse para sua esposa: “...Temos recebido de Deus o bem; por que não receberíamos também o mal?

A Bíblia nos mostra que ao longo de toda a história, Deus usa de sofrimento, calamidade, opressão e tantas outras circunstâncias ruins, com o objetivo de tratar com o Seu povo, com o objetivo de trabalhar no caráter de Seus filhos e de levá-los ao amadurecimento da sua fé. Têm sido assim desde Abraão até o período apostólico, continua assim na história da Igreja Cristã.

O que devemos fazer neste momento, é olhar para os exemplos da Palavra de Deus e buscar neles auxílio. Neste tempo de reclusão devemos buscar em Deus e na Sua Palavra, não podemos desperdiçar esse tempo. Devemos meditar sobre: O que Deus quer nos ensinar com este momento que estamos enfrentando? Por que Deus deseja que deixemos de congregar?

Não existem respostas prontas ou fáceis, mas quero propor algumas meditações nesse sentido:

1) É tempo de valorizar o que perdemos.

Quando o povo judeu foi disperso durante o exílio da babilônico, quando o povo judeu viu a destruição do seu Templo, quando o povo judeu perdeu a centralidade do culto em Jerusalém, só então, passou a valorizar o tesouro que eles tinham. Houve um sentimento nacional de reconstrução daquilo que, por muitas vezes, foi profanado pelo próprio povo de Deus.

Esta parece ser uma característica naturalmente humana. Aquilo que é precioso, quando se torna cotidiano, corriqueiro, perde o seu brilho e o seu real valor. Talvez, isso tenha acontecido em nossos dias com a Igreja Local. Passou do tempo de valorizarmos a congregação.

Quantas vezes trocamos o culto público em nossa igreja local por um pouco mais de descanso? Quantas vezes trocamos a congregação para assistir um evento esportivo ou um programa de televisão? Quantas vezes trocamos a igreja para estudar para uma prova?

Neste próximo domingo não teremos como trocar o ir à Igreja por nada, pois nós simplesmente somos impedidos pelas circunstâncias de congregar. Tenho certeza, que muitos de nós, sentiremos um peso, uma dor no coração nunca antes sentida. Que essa dor jamais seja esquecida, que essa dor seja relembrada para as gerações futuras quando o culto público for reestabelecido, que essa dor não seja em vão.

É tempo de valorizar aquilo que perdemos.

2) É tempo de buscar alternativas.

Usando ainda o exemplo do cativeiro babilônico, quando o povo judeu se viu distante do culto centralizado no Templo, quando o povo judeu se viu disperso, se fez necessário buscar uma alternativa. Diante deste cenário, surge a sinagoga. O culto no Templo foi gradualmente substituído pelo estudo das Escrituras em diversos locais espalhados por toda a Palestina. Sabemos que a sinagoga teve um papel fundamental na primeira vinda de Cristo e na propagação do Evangelho nos primeiros séculos.

Neste momento atual, Deus nos envia para os nossos lares. É tempo de nos aquietarmos em nossas casas com nossas famílias. Em alguns casos, é tempo de solidão, de ficar sozinho. Por algum motivo Deus não quer que congreguemos como normalmente fazemos. É tempo de buscar alternativas.

Sem dúvida alguma, é tempo de culto doméstico. É tempo de meditação pessoal, é tempo de oração nos lares, é tempo de parar e buscar a Deus no silêncio.

Em uma geração onde muitos pais colocam nos ombros das igrejas e dos pastores a responsabilidade por ensinar a Palavra de Deus aos seus próprios filhos, este é um tempo da família tomar para si as responsabilidades que são suas. Deuteronômio 6.5-7 “Portanto, ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e com toda a sua força. Estas palavras que hoje lhe ordeno estarão no seu coração. Você as inculcará a seus filhos, e delas falará quando estiver sentado em sua casa, andando pelo caminho, ao deitar-se e ao levantar-se.

3) É tempo de unir forças e nos preparar para reconstruir.

Mesmo distantes, devemos e podemos nos unir, de que forma? Por meio da oração. Juntos, mesmo que distantes geograficamente, devemos orar para que Deus abrevie este tempo, para que uma cura seja encontrada, para que Deus nos livre desta doença, para que este tempo seja uma oportunidade de pregação e pessoas sejam despertas para a realidade da brevidade desta vida e de seus próprios pecados. Motivos de oração não faltam neste momento.

Porém, além de nos unirmos em oração, devemos desde já, nos preparar para um tempo de reconstrução que virá logo adiante. Nós teremos de ser fortes para enfrentar o que virá, assim como o remanescente do exílio precisou ser forte para reconstruir os muros de Jerusalém, reconstruir o Templo e a vida espiritual de uma nação.

Ainda não temos como mensurar a dimensão do problema que enfrentaremos adiante, mas devemos nos preparar para isso. É possível que igrejas não sobrevivam economicamente depois deste período; é possível que pastores e missionários fiquem sem sustento; é possível que irmãos de dentro da comunidade local percam seus empregos ou suas empresas fechem em meio à crise. Precisamos nos preparar desde já.

Passamos muitos anos pregando sobre diversos assuntos como algo distante de nós. Por diversas vezes, pastores precisaram explicar o contexto do sofrimento para uma geração que pouco enfrenta sofrimento em suas vidas. Chegou a hora de viver o que pregamos, chegou a hora de colocar em prática a nossa teologia. Chegou a hora de encontrar a alegria e plena satisfação apenas no Senhor.

Tenho certeza de que Deus estará ao lado do seu povo neste momento tão difícil e que sairemos disso muito mais fortes do que entramos. Tenho plena certeza que no futuro vamos lembrar destes dias e enxergar que esta pandemia era a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para todos nós (Romanos 12.2).

Que Deus nos abençoe.

Pr. Fernando Di Domenico

O que Deus quer nos ensinar?


O que Deus quer nos ensinar?

É quase inacreditável que, poucos dias atrás, a nossa vida era completamente diferente da nossa vida neste exato momento (20 de março de 2020). Estamos completamente privados de qualquer contato social para evitarmos a transmissão deste novo vírus. Em se tratando do povo de Deus, isso significa, deixar de congregar. Jamais imaginei que em algum momento do meu ministério pastoral eu tivesse que tomar uma decisão como essa, fechar a igreja para os cultos públicos e para escola bíblica.

Deixar de congregar para mim era incogitável, Hebreus 10.25 providenciava a base bíblica para isso. Quando pensava em deixar de congregar, isso me soava como “falta de fé” na soberania de Deus. Porém, logo percebi que o inimigo que eu tinha em mente era outro, não estamos enfrentando uma perseguição à igreja cristã no Brasil, o inimigo neste momento é invisível. E por mais chocante que isso possa ser para muitos, o coronavírus (em última análise) procede de Deus. Deus é Soberano sobre tudo e sobre todos.

Salmo 46.8 “Venham contemplar as obras do SENHOR, que tem feito desolações na terra.

Diante disto, logo me vem aos ouvidos as palavras de Jó 2.10 que diante de tão grande sofrimento pessoal disse para sua esposa: “...Temos recebido de Deus o bem; por que não receberíamos também o mal?

A Bíblia nos mostra que ao longo de toda a história, Deus usa de sofrimento, calamidade, opressão e tantas outras circunstâncias ruins, com o objetivo de tratar com o Seu povo, com o objetivo de trabalhar no caráter de Seus filhos e de levá-los ao amadurecimento da sua fé. Têm sido assim desde Abraão até o período apostólico, continua assim na história da Igreja Cristã.

O que devemos fazer neste momento, é olhar para os exemplos da Palavra de Deus e buscar neles auxílio. Neste tempo de reclusão devemos buscar em Deus e na Sua Palavra, não podemos desperdiçar esse tempo. Devemos meditar sobre: O que Deus quer nos ensinar com este momento que estamos enfrentando? Por que Deus deseja que deixemos de congregar?

Não existem respostas prontas ou fáceis, mas quero propor algumas meditações nesse sentido:

1) É tempo de valorizar o que perdemos.

Quando o povo judeu foi disperso durante o exílio da babilônico, quando o povo judeu viu a destruição do seu Templo, quando o povo judeu perdeu a centralidade do culto em Jerusalém, só então, passou a valorizar o tesouro que eles tinham. Houve um sentimento nacional de reconstrução daquilo que, por muitas vezes, foi profanado pelo próprio povo de Deus.

Esta parece ser uma característica naturalmente humana. Aquilo que é precioso, quando se torna cotidiano, corriqueiro, perde o seu brilho e o seu real valor. Talvez, isso tenha acontecido em nossos dias com a Igreja Local. Passou do tempo de valorizarmos a congregação.

Quantas vezes trocamos o culto público em nossa igreja local por um pouco mais de descanso? Quantas vezes trocamos a congregação para assistir um evento esportivo ou um programa de televisão? Quantas vezes trocamos a igreja para estudar para uma prova?

Neste próximo domingo não teremos como trocar o ir à Igreja por nada, pois nós simplesmente somos impedidos pelas circunstâncias de congregar. Tenho certeza, que muitos de nós, sentiremos um peso, uma dor no coração nunca antes sentida. Que essa dor jamais seja esquecida, que essa dor seja relembrada para as gerações futuras quando o culto público for reestabelecido, que essa dor não seja em vão.

É tempo de valorizar aquilo que perdemos.

2) É tempo de buscar alternativas.

Usando ainda o exemplo do cativeiro babilônico, quando o povo judeu se viu distante do culto centralizado no Templo, quando o povo judeu se viu disperso, se fez necessário buscar uma alternativa. Diante deste cenário, surge a sinagoga. O culto no Templo foi gradualmente substituído pelo estudo das Escrituras em diversos locais espalhados por toda a Palestina. Sabemos que a sinagoga teve um papel fundamental na primeira vinda de Cristo e na propagação do Evangelho nos primeiros séculos.

Neste momento atual, Deus nos envia para os nossos lares. É tempo de nos aquietarmos em nossas casas com nossas famílias. Em alguns casos, é tempo de solidão, de ficar sozinho. Por algum motivo Deus não quer que congreguemos como normalmente fazemos. É tempo de buscar alternativas.

Sem dúvida alguma, é tempo de culto doméstico. É tempo de meditação pessoal, é tempo de oração nos lares, é tempo de parar e buscar a Deus no silêncio.

Em uma geração onde muitos pais colocam nos ombros das igrejas e dos pastores a responsabilidade por ensinar a Palavra de Deus aos seus próprios filhos, este é um tempo da família tomar para si as responsabilidades que são suas. Deuteronômio 6.5-7 “Portanto, ame o Senhor, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e com toda a sua força. Estas palavras que hoje lhe ordeno estarão no seu coração. Você as inculcará a seus filhos, e delas falará quando estiver sentado em sua casa, andando pelo caminho, ao deitar-se e ao levantar-se.

3) É tempo de unir forças e nos preparar para reconstruir.

Mesmo distantes, devemos e podemos nos unir, de que forma? Por meio da oração. Juntos, mesmo que distantes geograficamente, devemos orar para que Deus abrevie este tempo, para que uma cura seja encontrada, para que Deus nos livre desta doença, para que este tempo seja uma oportunidade de pregação e pessoas sejam despertas para a realidade da brevidade desta vida e de seus próprios pecados. Motivos de oração não faltam neste momento.

Porém, além de nos unirmos em oração, devemos desde já, nos preparar para um tempo de reconstrução que virá logo adiante. Nós teremos de ser fortes para enfrentar o que virá, assim como o remanescente do exílio precisou ser forte para reconstruir os muros de Jerusalém, reconstruir o Templo e a vida espiritual de uma nação.

Ainda não temos como mensurar a dimensão do problema que enfrentaremos adiante, mas devemos nos preparar para isso. É possível que igrejas não sobrevivam economicamente depois deste período; é possível que pastores e missionários fiquem sem sustento; é possível que irmãos de dentro da comunidade local percam seus empregos ou suas empresas fechem em meio à crise. Precisamos nos preparar desde já.

Passamos muitos anos pregando sobre diversos assuntos como algo distante de nós. Por diversas vezes, pastores precisaram explicar o contexto do sofrimento para uma geração que pouco enfrenta sofrimento em suas vidas. Chegou a hora de viver o que pregamos, chegou a hora de colocar em prática a nossa teologia. Chegou a hora de encontrar a alegria e plena satisfação apenas no Senhor.

Tenho certeza de que Deus estará ao lado do seu povo neste momento tão difícil e que sairemos disso muito mais fortes do que entramos. Tenho plena certeza que no futuro vamos lembrar destes dias e enxergar que esta pandemia era a boa, agradável e perfeita vontade de Deus para todos nós (Romanos 12.2).

Que Deus nos abençoe.

Pr. Fernando Di Domenico