Doutrinas Fundamentais: Cristologia #1
Doutrinas Fundamentais: Teontologia #27
Doutrinas Fundamentais: Teontologia #26
Doutrinas Fundamentais: Teontologia #25
Está entre vós alguém sofrendo? Faça oração”
1. “Está entre vós alguém sofrendo? Faça oração” (Tg 5:13). “Em agonia, a natureza não é ateia. A mente que não sabe para onde voar voa para Deus”.8 Não chorar mais é como saltar para os braços da Onipotência, encontrar refúgio no seio da Misericórdia. O homem afogado cuja última sensação foi o turbilhão de água salgada sentiu a inundação furiosa passar por cima dele, e, à medida que ele se acomodava entre as ervas daninhas, a lembrança de casa disparou como um tiro mortal em seu coração e pôs um fim à outra angústia. Quando aquele homem resgatado abre os seus olhos debaixo de algum teto amigável, e, em vez da mortalha molhada e de monstros rastejantes, se encontra em um sofá aconchegante, seu quarto brilhando com o feixe de gravetos alegres, um rosto amigável pronto para saudar seu primeiro despertar e vê através da janela o navio que o está esperando para levá-lo de volta para sua ilha natal — pode até ser verdade que ele tivesse tesouros no navio afundado, e que algumas coisas incomuns ou preciosas que ele estava carregando para casa podem nunca ser resgatadas das profundezas devoradoras.
Mas quão diferente é a sua sorte do do pobre náufrago, a quem as ondas pousaram em uma rocha desolada e que, rastejando em seus trapos gotejantes, não consegue encontrar comida senão as lapas, nenhum combustível além dos destroços crepitantes, nenhum casebre para abrigá-lo e nenhuma vela para levá-lo embora! Ambos naufragaram e ambos perderam tudo que tinham. Mas, na alegria de seu resgate, ele esquece sua pobreza, e, em seu miserável abrigo das ondas, o outro reconhece nada além de uma prisão e uma tumba. Precisamente, semelhante é o caso do homem aflito que ora, e daquele que, quando aflito, não consegue orar — o homem a quem as ondas pousam na rocha desolada do mundanismo ou do ateísmo, e o homem que, do abraço das águas que afogam, acorda no pavilhão da própria tenda da presença de Deus. Ambos podem ter sofrido perdas iguais. Ambos podem ter deixado um tesouro nas profundezas. Ambos podem ter sido levados de mãos vazias à costa. No entanto o homem da oração é como o homem que vai a Ele no abrigo do lar amigável. A felicidade da agradável comunhão com Deus diminui ou elimina a dor da perda recente. Na margem protegida do vento, que quebrou sua frágil casca, ele está maravilhado ao levantar os olhos e se ver acolhido por um querido amigo em uma habitação conhecida. Ele sabe que finalmente aportará seguro e, até mesmo nesse momento, está feliz. “Está entre vós alguém sofrendo? Faça oração.”
A oração como alimento dos aflitos!
Está entre vós alguém sofrendo? Faça oração”
1. “Está entre vós alguém sofrendo? Faça oração” (Tg 5:13). “Em agonia, a natureza não é ateia. A mente que não sabe para onde voar voa para Deus”.8 Não chorar mais é como saltar para os braços da Onipotência, encontrar refúgio no seio da Misericórdia. O homem afogado cuja última sensação foi o turbilhão de água salgada sentiu a inundação furiosa passar por cima dele, e, à medida que ele se acomodava entre as ervas daninhas, a lembrança de casa disparou como um tiro mortal em seu coração e pôs um fim à outra angústia. Quando aquele homem resgatado abre os seus olhos debaixo de algum teto amigável, e, em vez da mortalha molhada e de monstros rastejantes, se encontra em um sofá aconchegante, seu quarto brilhando com o feixe de gravetos alegres, um rosto amigável pronto para saudar seu primeiro despertar e vê através da janela o navio que o está esperando para levá-lo de volta para sua ilha natal — pode até ser verdade que ele tivesse tesouros no navio afundado, e que algumas coisas incomuns ou preciosas que ele estava carregando para casa podem nunca ser resgatadas das profundezas devoradoras.
Mas quão diferente é a sua sorte do do pobre náufrago, a quem as ondas pousaram em uma rocha desolada e que, rastejando em seus trapos gotejantes, não consegue encontrar comida senão as lapas, nenhum combustível além dos destroços crepitantes, nenhum casebre para abrigá-lo e nenhuma vela para levá-lo embora! Ambos naufragaram e ambos perderam tudo que tinham. Mas, na alegria de seu resgate, ele esquece sua pobreza, e, em seu miserável abrigo das ondas, o outro reconhece nada além de uma prisão e uma tumba. Precisamente, semelhante é o caso do homem aflito que ora, e daquele que, quando aflito, não consegue orar — o homem a quem as ondas pousam na rocha desolada do mundanismo ou do ateísmo, e o homem que, do abraço das águas que afogam, acorda no pavilhão da própria tenda da presença de Deus. Ambos podem ter sofrido perdas iguais. Ambos podem ter deixado um tesouro nas profundezas. Ambos podem ter sido levados de mãos vazias à costa. No entanto o homem da oração é como o homem que vai a Ele no abrigo do lar amigável. A felicidade da agradável comunhão com Deus diminui ou elimina a dor da perda recente. Na margem protegida do vento, que quebrou sua frágil casca, ele está maravilhado ao levantar os olhos e se ver acolhido por um querido amigo em uma habitação conhecida. Ele sabe que finalmente aportará seguro e, até mesmo nesse momento, está feliz. “Está entre vós alguém sofrendo? Faça oração.”
Seleção de James Hamilton
O Privilégio da Oração
Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. —1 Tessalonicenses 5:16,17
Os atenienses passavam o tempo fazendo nada mais do que falando ou ouvindo alguma novidade, e o que quer que pudesse ter acontecido com a elegância e a genialidade de Ática, não falta à sociedade moderna a curiosidade ateniense. Não a culpamos por isso. O desejo pela novidade não é, por si só, digno de culpa. Mas há uma forma dela que gostaríamos de ver mais frequentemente. Reavivar antigas verdades é quase tão importante quanto descobrir novas, e, em vez de contar ou ouvir alguma coisa nova, nosso tempo seria ocupado tão proveitosamente ao pensar e iluminar o significado de alguma coisa antiga.
Poucas expressões na teologia são mais antigas do que aquela que fala do “privilégio da oração”, mas nada poderia ser uma novidade maior na história de alguns que agora me ouvem do que considerar a oração um privilégio real. Estou errado? “O privilégio da oração!” Alguns não acham que o fardo da oração — a obrigação, o dever — seria um nome mais apropriado para ele? Alguns de vocês não acham que chamá-lo de privilégio seja apenas dar um nome agradável a uma coisa enfadonha? Se assim for, em vez de familiarizá-lo com um fato novo, esse indivíduo lhe faria um melhor serviço dando-lhe uma nova luz sobre essa antiga verdade e o faria sentir que não apenas tem poder de oração em relação a Deus, mas é quase o maior privilégio do ser humano.
Vamos fazer uma suposição. Suponha que o indivíduo neste reino que combina em si mesmo a maior sabedoria e bondade fosse acessível a você. Suponha que, quando algo o sobrecarregasse — uma dificuldade da qual sua própria sagacidade não pudesse libertá-lo, ou uma realização que seus próprios recursos não pudessem apreender —, você tivesse apenas que lhe enviar uma declaração da situação, e tivesse a certeza, em tempo propício, de obter o Seu melhor e mais gentil conselho. Você não consideraria isso um grande privilégio? Não seria algo desse tipo o caso de muitos aqui? Alguém está iniciando uma nova ocupação e, em seu início, encontra problemas que o frustram muito, mas que um amigo com um pouco mais de experiência ou perspicácia poderia resolver instantaneamente. Outro é consumido por um mar de problemas, uma multidão de provações que o sobrecarregam bastante, mas através das quais ele crê perfeitamente que um braço mais forte ou um espírito mais animado poderia carregá-lo. Contudo onde ele procurará por esse amigo mais sábio, esse braço mais forte? Suponha novamente que, quando em perigo repentino ou em profunda angústia, houvesse alguma maneira pela qual você pudesse tornar conhecida a sua situação a um espírito que havia partido, e que esse espírito é agora muito mais sábio do que era quando estava na Terra e tem fontes de conhecimento que não estão disponíveis a você e poderes que você ainda não possui. Suponha que, em luto ou dificuldade, você pudesse invocá-lo. Suponha que houvesse algum processo pelo qual você pudesse capturar seu ouvido entre os glorificados e, em um momento, trazê-lo, embora invisível, para o seu lado. E suponha que, para esse espírito aperfeiçoado, o espírito de seu progenitor falecido, ou de alguém notável por sua sabedoria e santidade — você pudesse detalhar a ele todo o assunto que o entristece e o deixa perplexo. E embora não devesse haver resposta da sombra invisível, você soubesse que Ele o tinha ouvido e se afastado para intervir efetivamente por você. Você não se sentiria muito confortado e aliviado? Você não voltaria a se empenhar com muito mais esperança, seguro de que agora tomaria conta deles um poder além do que lhes era próprio, ou inerente em você mesmo? Mas, além disso, suponha que, em vez de qualquer personagem sábio ou influente na Terra, ou qualquer espírito glorificado no Paraíso, fosse possível para você capturar a atenção e envolver a ajuda de um dos principados e potestades celestiais, alguém de inteligência tão brilhante, que pudesse sorrir para toda a nossa sabedoria e tal poder dominante, que pudesse fazer em um momento o que ocuparia nossa vida toda durante um milênio. Se você pudesse, por um instante, requerer sua atenção e obter garantia de sua vontade em auxiliar, não sentiria que seu objetivo foi indescritivelmente encorajado, ou seu fardo incrivelmente aliviado? O fato de ter obtido tal habilidade e capacidade — os poucos minutos gastos para garantir tal ajuda sobre-humana — não faria você sentir como se fosse uma maior contribuição para um eventual sucesso do que uma vida inteira de seus esforços pessoais? Mas dê um passo maior — um passo infinito! — e suponha que fosse possível capturar o ouvido e garantir a ajuda do Altíssimo. Suponha que você pudesse, por qualquer possibilidade, ganhar a atenção do Deus vivo — que você pudesse garantir, não o olhar frio e distante, mas a consideração interessada e a intervenção onipotente do próprio Jeová. Não seria um privilégio? A oração é exatamente isso. Alguns não têm amigos de sagacidade ou poderes extraordinários a quem recorrer. Os espíritos dos falecidos não podem vir até nós, e não se justifica orarmos nem a eles nem aos anjos. E mesmo que pudéssemos evocar um Samuel do sepulcro, ou trazer Gabriel até nós, as bênçãos que nos são mais necessárias nem Samuel nem Gabriel podem conceder; bênçãos cujo tesouro está dentro da luz inacessível e das quais apenas a Onipotência tem a chave. A oração faz mover essa mão onipotente. A oração faz virar essa chave incomunicável. A oração abre esse tesouro inacessível. Salomão em toda a sua glória, Abraão no seio de seu Deus e os serafins que fazem sombra ao trono não têm essas bênçãos para transmitir; obtê-las é o privilégio da oração.
Mas coloque-a sob outra luz. Imagine que houvesse certas limitações na oração. Imagine que houvesse apenas um local na Terra a partir do qual a oração pudesse subir com aceitação. Imagine — de modo algum inconcebível, pois antes havia algo muito parecido. Imagine que o Senhor tivesse escolhido algum pequeno local da Terra — um monte Sião, ou uma Terra Santa — e dito que ali, e apenas ali, era o lugar de adoração. Imagine que somente a partir desse lugar sagrado existisse um portal para as orações da Terra alcançarem o Céu, e que todas as súplicas, por mais sinceras que fossem proferidas no solo profano do globo, tivessem sido à toa. Que afluência veríamos a esse único lugar de prevalência! Quando ocorresse alguma conjuntura decisiva de bem-estar ou aflição para um indivíduo ou uma família, ou quando um homem ficasse tão ansioso em relação à salvação de sua alma que nada poderia satisfazê-lo, exceto a luz do alto, deveríamos ter visto o comerciante ocupado cuidando de sua ausência prolongada, e o lavrador cauteloso e provinciano se preparando para a perigosa peregrinação, e multidões, em seu próprio favor ou em favor de outros, recorrendo ao lugar onde a oração é ouvida e respondida. E imaginem, ainda, que houvesse apenas um dia no ano em que a oração fosse permitida. Que aqueles que chegassem ao local determinado tarde demais encontrassem o portão de acesso fechado pelos próximos 12 meses, e por mais imediata que fosse a emergência, e por mais extrema que fosse sua exigência, seria impossível fazer qualquer coisa por ela até que o ano acabasse e trouxesse de volta o único dia propício. Mesmo assim restrita, a oração não teria sido vista como um privilégio que valesse uma peregrinação e valesse um longo tempo de espera? Imagine que, na revolução anual da nossa Terra em torno do Sol, fosse revelada uma fenda no céu, que em uma noite do ano e em um cume de montanha houvesse uma vista aberta através da abóboda redonda e uma visão de glórias deslumbrantes reveladas a todos que olhassem do cume preferido. Imagine que, através da brilhante lacuna, houvesse uma chuva de ouro e joias e que isso se repetisse regularmente na mesma noite todos os anos. Que grande multidão vocês, com certeza, encontrariam nesse Pisga! Quantos olhos ávidos se esforçariam de antemão durante a hora ofegante até que o primeiro raio de esplendor indicasse a glória efusiva! Quantas mãos adversárias se apressariam juntas para pegar os rubis flamejantes e a chuva de diamantes!
E apenas imagine — a única outra suposição que faremos — de que certos prelúdios dispendiosos ou árduos fossem essenciais para uma oração bem-sucedida. Suponha que a abstinência estrita de um dia ou alguma autopunição dolorosa fosse exigida, ou que cada adorador fosse obrigado a trazer em suas mãos alguma oferta cara; o melhor de seu rebanho, ou uma grande porcentagem de sua renda. E quem diria que isso era descabido? Um favor tão inefável não teria acesso à própria presença de Deus, não seria sabiamente comprado a qualquer preço, e não poderiam “pó e cinzas” pecaminosos se maravilharem que, depois de qualquer provação ou processo purificador, ele fosse admitido perto de tal Majestade?
Mas como fica o assunto? A oração não é uma consulta com a mais alta sabedoria que este mundo pode fornecer. Não é comunicação com um anjo ou um espírito aperfeiçoado, mas é achegar-se ao Deus vivo. É o acesso ao Altíssimo e Santíssimo que habita a eternidade. É um detalhamento de cada aflição nos ouvidos da compaixão divina. Em cada dificuldade é um aconselhamento com a sabedoria divina. É um pedido dos recursos divinos para a provisão de cada necessidade. E isso não uma vez na vida, ou por alguns momentos em um dia determinado de cada ano, mas a qualquer momento, em todos os momentos de necessidade. Seja qual for o dia de sua aflição, a oração é permitida. Seja qual for a hora de sua calamidade, é um momento em que a oração está disponível. Não importa quão cedo pela manhã você procure o portão de acesso, já o encontra aberto. E por mais escuro que seja o momento da meia-noite quando você se encontrar nos braços repentinos da morte, a oração alada pode trazer instantaneamente o Salvador para perto. E isso onde quer que você estiver. Não é necessário que você suba em algum monte especial como o Pisga ou o Moriá. Não é necessário que você entre em algum santuário espantoso, ou retire seus sapatos por estar em solo sagrado. Se uma lembrança pudesse ser criada em todos os lugares dos quais uma oração aceitável subisse, e no qual uma resposta rápida descesse, encontraríamos Jeová-shammah — “o Senhor Está Ali” (Ez 48:35) — inscrito em muitos casebres com lareiras e muitos pisos de masmorra. Não o encontraríamos apenas no altivo Templo de Jerusalém e nas galerias de cedro de Davi, mas no casebre do pescador à beira do Genesaré, e no cenáculo onde começou o Pentecostes. E seja no campo onde Jacó foi para meditar, ou no monte rochoso onde Jacó se deitou para dormir, ou no ribeiro onde Israel lutou, ou na cova onde Daniel enfrentou os leões famintos e os leões o enfrentaram, ou nas encostas onde o Homem de dores orou a noite toda, ainda deveríamos discernir as marcas dos pés da escada que vieram do Céu — o local onde as misericórdias repousaram, por ser o ponto de partida das orações.
E tudo isso onde quer que você estiver. Não é necessário nenhum santo, nenhum proficiente em piedade, nenhum adepto de linguagem eloquente, nem dignitário de posição terrena. É necessário apenas uma simples Ana ou um balbuciante Samuel. É necessário apenas um mendigo cego, ou um leproso repugnante. É necessário apenas um publicano penitente, ou um ladrão moribundo. Não é necessária a provação contundente, nenhum salvo-conduto caro, ou expiação dolorosa, para levá-lo ao propiciatório, ou melhor, devo dizer, é necessário o mais caro de todos, ou seja, o sangue da expiação, o mérito do Salvador, o nome de Jesus — inestimáveis como são, não custou nada ao pecador. Eles são livremente colocados à sua disposição, e instantânea e constantemente se pode usá-los. Esse acesso a Deus em todos os lugares, a todos os momentos, sem qualquer preço ou qualquer mérito pessoal, não é um privilégio incrível?
E ainda em relação a essa antiga verdade, eu anelo, antes de nos separarmos, que você encontre um novo significado, e, portanto, para torná-lo um pouco mais específico, permita-me aplicá-lo a alguns casos, provavelmente todos representados aqui.
O Privilégio da Oração
Seleção de James Hamilton
O Privilégio da Oração
Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. —1 Tessalonicenses 5:16,17
Os atenienses passavam o tempo fazendo nada mais do que falando ou ouvindo alguma novidade, e o que quer que pudesse ter acontecido com a elegância e a genialidade de Ática, não falta à sociedade moderna a curiosidade ateniense. Não a culpamos por isso. O desejo pela novidade não é, por si só, digno de culpa. Mas há uma forma dela que gostaríamos de ver mais frequentemente. Reavivar antigas verdades é quase tão importante quanto descobrir novas, e, em vez de contar ou ouvir alguma coisa nova, nosso tempo seria ocupado tão proveitosamente ao pensar e iluminar o significado de alguma coisa antiga.
Poucas expressões na teologia são mais antigas do que aquela que fala do “privilégio da oração”, mas nada poderia ser uma novidade maior na história de alguns que agora me ouvem do que considerar a oração um privilégio real. Estou errado? “O privilégio da oração!” Alguns não acham que o fardo da oração — a obrigação, o dever — seria um nome mais apropriado para ele? Alguns de vocês não acham que chamá-lo de privilégio seja apenas dar um nome agradável a uma coisa enfadonha? Se assim for, em vez de familiarizá-lo com um fato novo, esse indivíduo lhe faria um melhor serviço dando-lhe uma nova luz sobre essa antiga verdade e o faria sentir que não apenas tem poder de oração em relação a Deus, mas é quase o maior privilégio do ser humano.
Vamos fazer uma suposição. Suponha que o indivíduo neste reino que combina em si mesmo a maior sabedoria e bondade fosse acessível a você. Suponha que, quando algo o sobrecarregasse — uma dificuldade da qual sua própria sagacidade não pudesse libertá-lo, ou uma realização que seus próprios recursos não pudessem apreender —, você tivesse apenas que lhe enviar uma declaração da situação, e tivesse a certeza, em tempo propício, de obter o Seu melhor e mais gentil conselho. Você não consideraria isso um grande privilégio? Não seria algo desse tipo o caso de muitos aqui? Alguém está iniciando uma nova ocupação e, em seu início, encontra problemas que o frustram muito, mas que um amigo com um pouco mais de experiência ou perspicácia poderia resolver instantaneamente. Outro é consumido por um mar de problemas, uma multidão de provações que o sobrecarregam bastante, mas através das quais ele crê perfeitamente que um braço mais forte ou um espírito mais animado poderia carregá-lo. Contudo onde ele procurará por esse amigo mais sábio, esse braço mais forte? Suponha novamente que, quando em perigo repentino ou em profunda angústia, houvesse alguma maneira pela qual você pudesse tornar conhecida a sua situação a um espírito que havia partido, e que esse espírito é agora muito mais sábio do que era quando estava na Terra e tem fontes de conhecimento que não estão disponíveis a você e poderes que você ainda não possui. Suponha que, em luto ou dificuldade, você pudesse invocá-lo. Suponha que houvesse algum processo pelo qual você pudesse capturar seu ouvido entre os glorificados e, em um momento, trazê-lo, embora invisível, para o seu lado. E suponha que, para esse espírito aperfeiçoado, o espírito de seu progenitor falecido, ou de alguém notável por sua sabedoria e santidade — você pudesse detalhar a ele todo o assunto que o entristece e o deixa perplexo. E embora não devesse haver resposta da sombra invisível, você soubesse que Ele o tinha ouvido e se afastado para intervir efetivamente por você. Você não se sentiria muito confortado e aliviado? Você não voltaria a se empenhar com muito mais esperança, seguro de que agora tomaria conta deles um poder além do que lhes era próprio, ou inerente em você mesmo? Mas, além disso, suponha que, em vez de qualquer personagem sábio ou influente na Terra, ou qualquer espírito glorificado no Paraíso, fosse possível para você capturar a atenção e envolver a ajuda de um dos principados e potestades celestiais, alguém de inteligência tão brilhante, que pudesse sorrir para toda a nossa sabedoria e tal poder dominante, que pudesse fazer em um momento o que ocuparia nossa vida toda durante um milênio. Se você pudesse, por um instante, requerer sua atenção e obter garantia de sua vontade em auxiliar, não sentiria que seu objetivo foi indescritivelmente encorajado, ou seu fardo incrivelmente aliviado? O fato de ter obtido tal habilidade e capacidade — os poucos minutos gastos para garantir tal ajuda sobre-humana — não faria você sentir como se fosse uma maior contribuição para um eventual sucesso do que uma vida inteira de seus esforços pessoais? Mas dê um passo maior — um passo infinito! — e suponha que fosse possível capturar o ouvido e garantir a ajuda do Altíssimo. Suponha que você pudesse, por qualquer possibilidade, ganhar a atenção do Deus vivo — que você pudesse garantir, não o olhar frio e distante, mas a consideração interessada e a intervenção onipotente do próprio Jeová. Não seria um privilégio? A oração é exatamente isso. Alguns não têm amigos de sagacidade ou poderes extraordinários a quem recorrer. Os espíritos dos falecidos não podem vir até nós, e não se justifica orarmos nem a eles nem aos anjos. E mesmo que pudéssemos evocar um Samuel do sepulcro, ou trazer Gabriel até nós, as bênçãos que nos são mais necessárias nem Samuel nem Gabriel podem conceder; bênçãos cujo tesouro está dentro da luz inacessível e das quais apenas a Onipotência tem a chave. A oração faz mover essa mão onipotente. A oração faz virar essa chave incomunicável. A oração abre esse tesouro inacessível. Salomão em toda a sua glória, Abraão no seio de seu Deus e os serafins que fazem sombra ao trono não têm essas bênçãos para transmitir; obtê-las é o privilégio da oração.
Mas coloque-a sob outra luz. Imagine que houvesse certas limitações na oração. Imagine que houvesse apenas um local na Terra a partir do qual a oração pudesse subir com aceitação. Imagine — de modo algum inconcebível, pois antes havia algo muito parecido. Imagine que o Senhor tivesse escolhido algum pequeno local da Terra — um monte Sião, ou uma Terra Santa — e dito que ali, e apenas ali, era o lugar de adoração. Imagine que somente a partir desse lugar sagrado existisse um portal para as orações da Terra alcançarem o Céu, e que todas as súplicas, por mais sinceras que fossem proferidas no solo profano do globo, tivessem sido à toa. Que afluência veríamos a esse único lugar de prevalência! Quando ocorresse alguma conjuntura decisiva de bem-estar ou aflição para um indivíduo ou uma família, ou quando um homem ficasse tão ansioso em relação à salvação de sua alma que nada poderia satisfazê-lo, exceto a luz do alto, deveríamos ter visto o comerciante ocupado cuidando de sua ausência prolongada, e o lavrador cauteloso e provinciano se preparando para a perigosa peregrinação, e multidões, em seu próprio favor ou em favor de outros, recorrendo ao lugar onde a oração é ouvida e respondida. E imaginem, ainda, que houvesse apenas um dia no ano em que a oração fosse permitida. Que aqueles que chegassem ao local determinado tarde demais encontrassem o portão de acesso fechado pelos próximos 12 meses, e por mais imediata que fosse a emergência, e por mais extrema que fosse sua exigência, seria impossível fazer qualquer coisa por ela até que o ano acabasse e trouxesse de volta o único dia propício. Mesmo assim restrita, a oração não teria sido vista como um privilégio que valesse uma peregrinação e valesse um longo tempo de espera? Imagine que, na revolução anual da nossa Terra em torno do Sol, fosse revelada uma fenda no céu, que em uma noite do ano e em um cume de montanha houvesse uma vista aberta através da abóboda redonda e uma visão de glórias deslumbrantes reveladas a todos que olhassem do cume preferido. Imagine que, através da brilhante lacuna, houvesse uma chuva de ouro e joias e que isso se repetisse regularmente na mesma noite todos os anos. Que grande multidão vocês, com certeza, encontrariam nesse Pisga! Quantos olhos ávidos se esforçariam de antemão durante a hora ofegante até que o primeiro raio de esplendor indicasse a glória efusiva! Quantas mãos adversárias se apressariam juntas para pegar os rubis flamejantes e a chuva de diamantes!
E apenas imagine — a única outra suposição que faremos — de que certos prelúdios dispendiosos ou árduos fossem essenciais para uma oração bem-sucedida. Suponha que a abstinência estrita de um dia ou alguma autopunição dolorosa fosse exigida, ou que cada adorador fosse obrigado a trazer em suas mãos alguma oferta cara; o melhor de seu rebanho, ou uma grande porcentagem de sua renda. E quem diria que isso era descabido? Um favor tão inefável não teria acesso à própria presença de Deus, não seria sabiamente comprado a qualquer preço, e não poderiam “pó e cinzas” pecaminosos se maravilharem que, depois de qualquer provação ou processo purificador, ele fosse admitido perto de tal Majestade?
Mas como fica o assunto? A oração não é uma consulta com a mais alta sabedoria que este mundo pode fornecer. Não é comunicação com um anjo ou um espírito aperfeiçoado, mas é achegar-se ao Deus vivo. É o acesso ao Altíssimo e Santíssimo que habita a eternidade. É um detalhamento de cada aflição nos ouvidos da compaixão divina. Em cada dificuldade é um aconselhamento com a sabedoria divina. É um pedido dos recursos divinos para a provisão de cada necessidade. E isso não uma vez na vida, ou por alguns momentos em um dia determinado de cada ano, mas a qualquer momento, em todos os momentos de necessidade. Seja qual for o dia de sua aflição, a oração é permitida. Seja qual for a hora de sua calamidade, é um momento em que a oração está disponível. Não importa quão cedo pela manhã você procure o portão de acesso, já o encontra aberto. E por mais escuro que seja o momento da meia-noite quando você se encontrar nos braços repentinos da morte, a oração alada pode trazer instantaneamente o Salvador para perto. E isso onde quer que você estiver. Não é necessário que você suba em algum monte especial como o Pisga ou o Moriá. Não é necessário que você entre em algum santuário espantoso, ou retire seus sapatos por estar em solo sagrado. Se uma lembrança pudesse ser criada em todos os lugares dos quais uma oração aceitável subisse, e no qual uma resposta rápida descesse, encontraríamos Jeová-shammah — “o Senhor Está Ali” (Ez 48:35) — inscrito em muitos casebres com lareiras e muitos pisos de masmorra. Não o encontraríamos apenas no altivo Templo de Jerusalém e nas galerias de cedro de Davi, mas no casebre do pescador à beira do Genesaré, e no cenáculo onde começou o Pentecostes. E seja no campo onde Jacó foi para meditar, ou no monte rochoso onde Jacó se deitou para dormir, ou no ribeiro onde Israel lutou, ou na cova onde Daniel enfrentou os leões famintos e os leões o enfrentaram, ou nas encostas onde o Homem de dores orou a noite toda, ainda deveríamos discernir as marcas dos pés da escada que vieram do Céu — o local onde as misericórdias repousaram, por ser o ponto de partida das orações.
E tudo isso onde quer que você estiver. Não é necessário nenhum santo, nenhum proficiente em piedade, nenhum adepto de linguagem eloquente, nem dignitário de posição terrena. É necessário apenas uma simples Ana ou um balbuciante Samuel. É necessário apenas um mendigo cego, ou um leproso repugnante. É necessário apenas um publicano penitente, ou um ladrão moribundo. Não é necessária a provação contundente, nenhum salvo-conduto caro, ou expiação dolorosa, para levá-lo ao propiciatório, ou melhor, devo dizer, é necessário o mais caro de todos, ou seja, o sangue da expiação, o mérito do Salvador, o nome de Jesus — inestimáveis como são, não custou nada ao pecador. Eles são livremente colocados à sua disposição, e instantânea e constantemente se pode usá-los. Esse acesso a Deus em todos os lugares, a todos os momentos, sem qualquer preço ou qualquer mérito pessoal, não é um privilégio incrível?
E ainda em relação a essa antiga verdade, eu anelo, antes de nos separarmos, que você encontre um novo significado, e, portanto, para torná-lo um pouco mais específico, permita-me aplicá-lo a alguns casos, provavelmente todos representados aqui.