Lição 3: As Igrejas Reformadas


Prof: Pr Antônio Neto

Na ultima lição, concluímos nosso estudo sobre as igrejas pentecostais. Vimos que elas formam o maior grupo de igrejas evangélicas no Brasil e no mundo. Também vimos que as características centrais destes grupos são a ênfase no batismo com o Espírito Santo como uma capacitação poderosa, e a ênfase da manifestação de dons espirituais, especialmente o de línguas e profecias.
Desta feita, adentraremos em mais um grupo, o das igrejas reformadas. Embora não seja o maior grupo, as igrejas reformadas vêm adquirindo enorme força nos últimos anos, especialmente devido o amplo uso da internet para a divulgação de suas ideias e o amplo investimento em treinamento de líderes, por meio de grandes faculdades e grandes editoras.
Esta enorme visibilidade dos reformados na internet tem atraído muitos, especialmente pentecostais, a abraçarem esta linha de pensamento. Porém, esta mesma visibilidade tem feito com que o termo “reformado” seja amplamente mal compreendido em nosso país. Em vários lugares, muitos acham que “reformado” é simplesmente o contrário de “pentecostal” ou mesmo “humanista”.
Afinal de contas, o que é uma igreja reformada? De onde elas vêm? Quais as suas crenças básicas? Quem são, no Brasil, as igrejas que se intitulam desta maneira? E nós, somos reformados?

I.                   Breve História

Como o nome já diz, as igrejas reformadas basicamente são aquelas que surgiram da Reforma Protestante. Porém, o termo “reformado” é usualmente designado às igrejas que surgiram sob a liderança de dois reformadores, João Calvino na Suiça, e John Knox na Escócia.
Sob a liderança especialmente de Calvino, as igrejas reformadas espalharam-se pela Europa, especialmente na França, Holanda e Inglaterra. No Brasil, os reformados foram o primeiro grupo de crentes a celebrar um culto, já em 1557.
Os dois maiores grupos de igrejas reformadas no Brasil são a Igreja Presbiteriana e a Igreja Reformada do Brasil. Porém, recentemente, tem havido um amplo crescimento das Igrejas Batistas Reformadas.

II.                Características Essenciais
As igrejas reformadas, basicamente, são as que apresentam impreterivelmente as três características abaixo:
1)      Cinco Solas da Reforma
As cinco solas foram desenvolvidas por Lutero, mas tornaram-se as crenças mais fundamentais de todas as igrejas protestantes. No entanto, nas igrejas reformadas, estas “solas” recebem uma atenção especial. Para lembramos, são elas: sola escriptura, sola gratia, sola fide, solus christus e soli deo glória.
É amplamente comum se encontrar estes termos estampados nas paredes das igrejas reformadas. Além disso, são temas bastante pertinentes nos escritos teológicos e em conferencias reformadas.
Porém, crer nas cinco solas é algo que todo evangélico deveria, e que muitos não-reformados fazem. Assim, uma segunda característica distingue os reformados dos demais:
2)      Calvinismo
O calvinismo, da forma como é mais conhecido, é uma crença a respeito da salvação do homem. Basicamente, o calvinismo parte de duas crenças, uma sobre Deus e outra sobre o homem.
Sobre Deus, o calvinismo entende que Deus é absolutamente soberano sobre todos os homens. Por isso, Deus tem o direito de livremente escolher aqueles que Ele quer salvar. Essa é a chamada “doutrina da eleição incondicional”.
Sobre o homem, o calvinismo entende que o pecado afetou de tal maneira a natureza humana que é impossível ao homem, por si só, buscar a Deus ou mesmo responder aos apelos do Evangelho. Por isso, é necessária uma obra de Deus nos seus eleitos, capacitando-os a receberem o evangelho em fé.
Destas duas crenças, surgiram os “cinco pontos do calvinismo”. Estes pontos estão em contraste com os “cinco pontos do arminianismo”, desenvolvidos pelos seguidores de Jacob Arminius, um seguidor de Calvino que modificou as ideias de seu mestre. Abaixo, segue uma tabela com a diferença do calvinismo e do arminianismo.

CINCO PONTOS DO ARMINIANISMO
CINCO PONTOS DO CALVINISMO
1. O homem é capaz de, por si só, responder sim ou não ao chamado salvador de Deus.
1. O homem é incapaz de, por si só, responder ao chamado salvador de Deus.
2. Assim, o homem deve escolher se vai ou não receber a salvação.
2. Por isso, Deus escolhe aqueles que vão receber a salvação.
3. Deus enviou Jesus para morrer e providenciar salvação a todos os homens.
3. Deus enviou Jesus para morrer e providenciar salvação aos seu eleitos.
4. Por isso, cabe ao homem aceitar ou rejeitar a graça da salvação de Deus.
4. Deus age de maneira eficaz nos eleitos, capacitando-os a receberem em fé a graça salvadora.
5. O homem precisa perseverar na salvação, doutra sorte, poderá perde-la.   
5. Deus garante que os seus eleitos perseverem na salvação.

A crença no calvinismo é a maior distinção entre reformados e pentecostais, que tradicionalmente abraçam o arminianismo. Porém, uma grande quantidade de Batistas abraçam a fé calvinistas, além das cinco solas. Sendo assim, o que diferencia um reformado dos batistas? A diferença está nesta terceira característica.
3) Confessionalidade
Logo cedo no desenvolvimento das igrejas reformadas na Europa, vários fatores levaram os líderes reformados a reunirem-se e elaborarem documentos que registravam as suas crenças. Estes documentos eram chamados de “Confissões de Fé”.
 As Confissões tinham, basicamente, três funções: 1) Demonstrar a biblicidade das crenças; 2) Demonstrar a concordância com os primeiros cristãos (credos); 3) Demonstrar as distinções para com as crenças católicas e das demais correntes surgidas da Reforma, como Batistas e Luteranos.
As igrejas reformadas, portanto, diferenciam-se principalmente por assinarem estas confissões de fé, diferentemente das demais igrejas que elaboram suas próprias confissões.
Vamos exemplificar. As Igrejas Presbiterianas, de maneira geral, assinam a Confissão de Westminster, desenvolvida na Inglaterra de 1643 a 1649. Já as Igrejas Reformadas do Brasil assinam a Confissão Belga. As Igrejas Batistas Reformadas assinam a Confissão de Fé Londrina. Todas estas confissões possuem pequenas diferenças, mas na grande maioria manifestam a mesma fé.
Desta maneira, podemos dizer que uma igreja reformada é uma igreja que abraça as cinco solas da reforma, o calvinismo e assina uma das grandes confissões de fé do passado. No entanto, ainda nos resta entender algumas crenças marcantes deste grupo:
1)        Ampla ênfase na centralidade da Bíblia – os reformados são profundos estudiosos das Escrituras, e seus cultos são marcados por músicas com letras bíblicas (algumas cantam apenas os salmos) e pregação expositiva (exposição versículo por versículo).
2)        Princípio Regulador do Culto – é a crença que só o que é ensinado na Bíblia deve fazer parte do culto. Por isso, o culto deve ter cânticos, colheita de dízimos e ofertas, leitura bíblica, pregação e oração. Danças, velas, teatro, filmes e etc não devem fazer parte do culto.
3)        Governo Presbiteriano – com exceção dos Batistas Reformados, as igrejas reformadas adotam um sistema onde um grupo de presbíteros lideram um grupo de igrejas. Entendem que, assim, eles mantêm a unidade da igreja.
4)        Batismo de crianças e Batismo por aspersão – com exceção dos Batistas Reformados, os reformados creem que crianças devem ser batizadas, e que o método de batismo ensinado na bíblia é por aspersão, diferentemente das demais igrejas, que adotam a imersão.
5)        Sábado ou Domingo como dia santo – diferentemente dos Batistas, os reformados entendem a manutenção de um dia como Dia do Senhor, onde não se deve trabalhar, nem ter-se prazeres pessoais, mas dedicar-se completamente à adoração, pública ou privada. Há divergências entre reformados se este dia é o sábado ou o domingo.
6)        Sacramentalismo – os reformados creem que o pão e o vinho da ceia são meios de graça, ou seja, a bênção da ceia está nos elementos, e não na memória, como ensinam os batistas.
7)        Forte engajamento intelectual – a tradição reformada sempre valorizou o estudo teológico acadêmico, fundando grandes universidades, como a Universidade de Princeton, nos EUA, e a Universidade Mackenzie, no Brasil, e grandes editoras, como a Editora Fiel.
8)        Forte engajamento social – diferentemente dos batistas, os reformados interessam-se bastante pelo engajamento cristão na política e na cultura. Isso faz com que o calvinismo esteja entre as maiores influencias sobre os jovens no mundo.

Perguntas para discursão:
1. Na sua mente, o que é uma igreja reformada?
2. Você já foi a um culto em uma igreja presbiteriana ou reformada?
3. Quais semelhanças e diferenças nossa igreja tem para com as reformadas?



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